Vida em Verso e Prosa

Tenho escrito muitas coisas, algumas impublicáveis. Estas, são as mais interessantes.

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Local: Curitiba, PR, Brazil

27 setembro 2006



Meus pais, com filhos e netos.
Família grande é uma beleza.
Ainda falta gente aí.

Estamos na Primavera!


É tempo de renovação da vida.
Tempo de ser feliz.
Reencontrar amigos.
Viver com alegria.

19 setembro 2006

PRESENÇA



É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,

teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento

das horas ponha um frêmito em teus cabelos...

É preciso que a tua ausência trescale

sutilmente, no ar, a trevo machucado,

as folhas de alecrim desde há muito guardadas

não se sabe por quem nalgum móvel antigo...


Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela

e respirar-te, azul e luminosa, no ar.

É preciso a saudade para eu sentir

como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...


Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista

que nunca te pareces com o teu retrato...

E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.


Mario Quintana

10 setembro 2006

Terminei de escrever o novo livro: "O Senhor do Tempo".
É o relato de uma viagem no tempo. Gisela é uma jovem estudante, que trabalha como bolsista na biblioteca da Universidade. Um dia entra um velhinho e lhe conta que vai voltar 50 anos no tempo para conhecê-lo e apaixonar-se por ele nos dias de sua juventude. Gisela volta e passa dois meses com Fernando na mais absoluta felicidade. A viagem também serve para descobrir o seu passado e desvendar alguns mistérios sobre sua família. Depois de voltar ao seu tempo Gisela conhece o Senhor do Tempo, que poderá ajudá-la a reencontrar seu grande amor.
Logo, logo, estará nas livrarias. Espero que gostem.
Estou aproveitando o feriadão (em Curitiba foi dia da padroeira na sexta-feira) para ler um pouco de boa literatura. Li o "Robinson Crusoé". Incrível como se conhece a história sob várias versões e eu nunca havia me dado ao trabalho de ler o original. Muito legal. Agora estou lendo "Memórias de um Cabo de Vassoura", de Orígenes Lessa, também muito interessante.

04 setembro 2006

Era um menino escondido no corpo de um adulto. Não que estivesse ali por arte ou molecagem - nem sabia como - mas um dia acordou e viu-se num corpo bem mais velho que o seu. Num primeiro momento ficou assustado. O que teria acontecido com a sua vida? Como pôde ficar ausente durante toda a adolescência e baixa maturidade? Era como se tivesse dormido e acordado no dia seguinte num corpo diferente do seu. Mas era o seu sim, só que mais velho. Esteve ali o tempo todo, mas o adulto não o deixou fazer nada. Quando começou a trabalhar, aos treze anos de idade, sufocou o menino e quis crescer rápido. Depois, jovem profissional, tinha que parecer responsável e, por isso, mais velho. Naquele dia, contudo, homem maduro, não precisando mais das falsas aparências, descuidou do menino e este fugiu do esconderijo no qual era mantido trancado a sete chaves.

Pobre menino-homem, foi enganado. O homem-menino negou a si mesmo o direito de ser criança. E como fez bobagens tentando ser maduro!...

Depois do impacto inicial o menino gostou do que encontrou. Aos olhos do pobre menino o homem era rico. Acabara de acordar e ainda não entendia direito o que se passava. Pulou do colchão de molas, enorme, que jamais imaginara que um dia pudesse vir a ter. Entrou no banheiro - exclusivo de sua suíte - e viu a própria imagem, refletida no espelho que ia do mármore da pia até o teto e de uma parede à outra nas laterais bisotadas. Seu corpo estava mal cuidado. A barriga denunciava a falta de exercícios físicos e os excessos da gula. Os cabelos grisalhos mostravam que a juventude era só uma lembrança. As marcas de expressão em seu rosto anunciavam a passagem do tempo, esse vigilante voraz e impiedoso. Exceto por ele próprio tudo o mais era bonito ali. Tinha de tudo. Sobre a pia havia uma estatueta de uma mulher nua - em mármore branco - e um arranjo de flores artificiais. No lado que aparentava ser de sua mulher havia cremes de todos os tipos. Do seu lado um barbeador elétrico que usou com orgulho. Como sua barba era grossa! O armário de toalhas estava lotado, nunca vira tantas antes. Escolheu uma pela cor - sabia que as de cores escuras eram suas - e entrou no box. O chuveiro ficava sobre uma banheira - que chique - e era fechado por uma parede de vidro blindex - um luxo. A água que vinha de uma ducha diagonal, fortíssima, quentinha, escorria pelo seu corpo e nem de longe lembrava aquele chuveiro de um pingo só a que estava acostumado quando criança - era uma ducha elétrica colocada em baixa altura, que se abrisse muito o registro a água ficava gelada - não dava vontade de sair dali. Escolheu um dos muitos shampoos que estavam na prateleira de vidro. Alguns eram condicionadores e ele nem sabia a diferença. Passou vários deles nos cabelos. Depois de um longo banho saiu e se enxugou, feliz da vida. O seu dia estava apenas começando.

Saiu do banheiro e viu sua mulher deitada na cama 'king size'. Nos seus olhos cansados enxergou a menina sonhadora que um dia apostou nele e embarcou em seus sonhos, suportando seu mau-humor, seu cansaço, seus medos. Enfrentaram muita coisa juntos e ela sempre resistiu firme. Beijou-a agradecido e feliz porque ela ainda estava ali. Era a melhor pessoa que conhecera. Tiveram duas filhas lindas.

Escolheu um terno ajeitado no armário lotado. Nossa! Como estava elegante. Era um senhor respeitável. Nem perceberiam que era apenas um menino. A consciência do menino não excluiu a do adulto. Tinha todo o conhecimento do adulto, mas seu espírito era o do menino.

Foi até a garagem e viu o carrão sofisticado. Nunca pensou que um dia teria um daqueles. Saiu feliz para o seu dia. Será que o perceberiam?

Esta é a história do menino que está em mim e em você. Não o sufoque tanto como eu fiz. Não espere envelhecer para libertá-lo. Você pode ser muito mais feliz hoje mesmo!

Eu quero a vida com sonhos,
Eu quero os sonhos com vida.
Não quero a vida sem sonhos,
Não quero os sonhos sem vida.

Nos dias de grande lida,
Os instantes mais risonhos
São sempre cheios de vida,
São sempre cheios de sonhos.

Esta vontade mantida
Com muita vida, com sonhos,
É porque os sonhos têm vida
E porque a vida tem sonhos.

Que viva a vida com sonhos,
Que vivam os sonhos com vida.
E morra a vida sem sonhos,
E morram os sonhos sem vida.

by Soll
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