Agradeço a todos os amigos que nos ampararam neste momento
de tristeza que foi a perda de meu pai, Francisco Xavier de Freitas, dia
31-10-2012.
Seu corpo repousa tranquilo no Jardim da Saudade, sob a
sombra de algumas palmeiras e de um imenso ipê amarelo.
Seu espírito viaja pela caatinga, revisitando os lugares de
sua juventude, experimentando a sensação de voar livremente na velocidade do
pensamento, sem dores, sem remédios, sem a prisão de um corpo cansado pelos
oitenta anos de luta.
Sua alma está feliz pela missão cumprida e reencontrou a
filha Evanice, que veio buscá-lo com um sorriso saudoso, o pai Janjão, a mãe
Almerinda, as irmãs Maria e Creuza e todos os bons amigos que cativou também no
céu.
Criou oito filhos e três netos com a firmeza e a
sensibilidade de um pai de verdade. Foi policial e não teve inimigos. Foi
lojista e quebrou por acreditar nas pessoas que compravam e esqueciam de pagar.
Era tão bom que chegava a parecer ingênuo.
Rezava o terço todos os dias, minha mãe puxava e ele
respondia, ela com a ave-maria e ele com a santa-maria, ela com o pai-nosso e
ele com o pão-nosso, os dois juntos com o salve-rainha.
Obrigado, Deus, por ter me dado um pai tão simples, tão
pé-no-chão, tão rico em exemplo, que um dia deixou o sertão para criar os
filhos numa cidade grande, inóspita, cheia de preconceito. E mesmo assim
manteve a doçura, a palavra amiga, o sorriso no rosto, a fala mansa até o
último dia de sua vida.